function abrir2() { URL="http://uol.com.br"; window.open(URL, 'janela', 'width=660, height=510, top=100, left=699, scrollbars=yes, status=no, toolbar=no, location=no, directories=no, menubar=no, resizable=no, fullscreen=no') } Moradores do Alemão se queixam de casas arrombadas

O primeiro sinal de alerta soou quando um helicóptero militar começou a descer para recolher uma apreensão de drogas dentro de uma das favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio. O deslocamento de ar levantou o telhado de uma casa e derrubou uma parede, destruindo dois cômodos e quase atingindo sete crianças. Felizmente ninguém se feriu.

O vídeo ao lado é um relato de Alan Brum, coordenador da instituição social Raízes em Movimento, uma das mais atuantes do Alemão.

A moradora quis saber a quem recorrer para que lhe fosse ressarcido o prejuízo, mas só encontrou policiais pela frente que, naquele momento, não quiseram dar muita atenção ao drama da família. Um deles sugeriu que ela procurasse o comandante do 16º BPM (Olaria), batalhão da área.

“Disseram que foi um acidente, e acredito que tenha sido mesmo, mas precisamos da atenção de alguma autoridade para que a gente possa recorrer numa situação dessas. Não achamos”, queixou-se a moradora. Outros moradores também se sentiram desamparados quando voltaram para suas casas, depois da manhã da invasão policial, e encontraram suas casas com as portas arrombadas e tudo revirado.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública e a Polícia Militar informaram que vão investigar as denúncias. Leia ao final desta matéria a íntegra das notas divulgadas.

“Aplaudimos a ação da polícia. Afinal, pelo que sabemos, nenhum inocente morreu. Mas a gente precisa que as autoridades tenham uma atenção maior sobre os moradores. A porta da minha casa foi arrombada, entraram porque não tinha ninguém em casa. Deixaram tudo aberto e saquearam minhas coisas. Vários moradores estão reclamando disso”, contou um outro morador.

Coordenador da instituição social Raízes em Movimento, uma das mais atuantes da região, Alan Brum disse que está em contato com os moradores para ouvi-los e propondo encontros com representantes dos órgãos públicos “para que a postura da polícia, tão aplaudida pela sociedade, não se transforme, no final, numa ação desastrada”. Ele fez um vídeo que mostra o estrago na casa atingida pela trepidação do helicóptero.

'Todos estão dispostos a colaborar'
“A polícia agiu com Inteligência, poupando vidas inocentes, mas deve manter a estratégia de ter a população como aliada. Todos estão dispostos a colaborar, abrindo suas casas para que sejam vasculhadas. Sabemos dos riscos, mas reconhecemos que o que mais temíamos, uma carnificina, foi evitada. Agora, queremos o diálogo”, afirmou Alan, que também é morador da comunidade e acompanhou a operação policial no mesmo local em 2007, com 1.300 policiais, quando 19 pessoas foram mortas.

“Depois ficou provado que apenas nove eram criminosos”, completa. “Esperamos que não volte aquela postura de criminalização dos pobres. O histórico de entrada da polícia nos coloca em alerta. Pelo cuidado que tiveram até agora, não acreditamos que isso vá acontecer, mas essas ocorrências iniciais nos deixaram em estado de atenção. Não podemos admitir abusos e excessos contra os moradores”, disse.

David Amen, 29 anos, nascido e criado no Morro do Alemão, uma das comunidades do conjunto, também está preocupado. “Uma operação como essa, mesmo tendo evitado mortes, provoca um impacto muito grande na comunidade. Estamos aflitos. Minha filha, de 7 anos, ainda está em estado de choque depois de ouvir tantos tiros e ver esses comboios, inclusive com blindados militares, passando na nossa porta. Esse clima de guerra fez com que ela tivesse uma crise de bronquite asmática. E, agora, só dorme agarrada com a mãe e, mesmo assim, acorda toda hora, chorando".

Fotógrafo que mora no AlemãoFotógrafo que mora no Alemão registrou imagens
do cenário caótico após os confitos
(Foto: Aluizio Freire/G1)

Pai de uma menina de oito meses, o fotógrafo Maycon Brum, 23 anos, que mora no Alemão desde que nasceu, registrou em sua câmera algumas imagens do cenário caótico das comunidades após o conflito.

“Espero que todo esse sofrimento seja compensado com serviços públicos de qualidade. Que se restabeleça a paz, mas também a dignidade dos moradores, trazendo mais saúde e educação para essas pessoas”.

“Acredito que seremos capazes de mudar essa realidade. Foi aqui que nasci, vi muitos amigos entrarem para o crime, outros morrerem fuzilados. Mas é aqui que tenho meus amigos de verdade, minha família e quero criar minha família. Eu poderia ser um desses bandidos fugindo, mas estou de pé, lutando por meu espaço. Quando se tem força de vontade e estrutura familiar a gente consegue as coisas. Eu quero deixar um Complexo do Alemão melhor para minha filha. Ela vai ser criada e educada aqui como eu fui. Não vou fugir”, revela Maycon, emocionado.

O que dizem a PM e a Secretaria de Segurança

"A assessoria da Polícia Militar informa que há um posto da corregedoria da PMERJ na sede do 16º BPM (Olaria) que fica na Rua Paranapanema, 769, Olaria, para atender todas as denúncias. A corregedoria irá apurar com rigor todas as denúncias que possam acontecer. Informamos também que a PM não coaduna com nenhum tipo de desvio de conduta”, diz a PM.

"A Secretaria de Segurança já acionou a Corregedoria Geral Unificada que tem equipes checando denúncias na região. Além disso, a Ouvidoria de Polícia está se mobilizando para criar um núcleo de atendimento à população no Alemão. Casos mais graves que sejam confirmados serão tratados pelo secretário Beltrame junto ao comandante geral e ao chefe de polícia”, diz a Secretaria de Segurança Pública.

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